sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Aprofundando no suflê

A algum tempo queria iniciar este blog, mas uma coisa e outra adiavam o início desta aventura. Uma dessas coisas era a decisão sobre o nome do blog. O que é aparentemente uma decisão absolutamente simples se tornou uma grande dificuldade. Ou porque já existiam blogs com o nome escolhido ou por que não tinha um sentido interessante.

A Ana Cristina diz que eu me aprofundo demais. É verdade, eu gosto de ir fundo nas coisas que faço, às vezes até fundo demais, mas isso aí já é outra história. No caso da gastronomia, ir fundo é tudo de bom. Para mim não basta ter uma receita, fazer e ficar gostoso. Eu quero saber por que aquela receita dá certo. Por que aquela combinação funciona tão bem, quais são as variações possíveis, por que o suflê cresce ou por que ele desaba.

Foi por causa dessa minha curiosidade e muito antes de eu saber que estaria hoje, estudando gastronomia é que eu comprei o livro “Um cientista na cozinha” do Hervé This. Isto foi em 1996 e eu li e reli várias vezes este livro, sem, no entanto, repetir alguns dos experimentos do autor. Nesta época, apesar de cozinhar regularmente, a “experimentação” com cara de pesquisa cientifica, ainda não fazia parte da minha culinária, que ainda não era gastronomia. Gostava mesmo de testar novos ingredientes, novas receitas.

Foi nessa época que me familiarizei com diversos processos de cocção e de preparação de sobremesas. Na opinião de alguns amigos, eu era a rainha do risoto. Na de outros, fazedora de tortas inesquecíveis. Neste período houve várias mudanças na minha vida entre elas, uma casa, um marido e uma nova atividade profissional. Deixei de ser uma veterinária clínica para ser uma veterinária de nutrição. Meus estudos de nutrição me deram outra visão das possibilidades em uma cozinha, minha casa nova, mais espaço para “me espalhar” e finalmente meu marido, me deu o apoio que eu precisava para planejar meu futuro a longo prazo.
Foi neste ambiente que meus “testes” na cozinha se tornaram “experimentos”; que soube quem eram Alberto e Feran Adriá; e que eu comecei a estudar gastronomia. Finalmente a frase lida mais de 10 anos antes, de que “é uma triste reflexão sabermos mais sobre a temperatura dentro das estrelas do que dentro de um suflê”, deixou de ser uma simples questão para ser o motivo para a busca de uma resposta.
Junto com isso, agora vem minha “nova cozinha”. Não é uma cozinha gourmet, como nos moldes clássicos da arquitetura, com bancadas em alumínio, e iluminação indireta. É uma cozinha caipira, diferente da cozinha gourmet tradicional. Aliás, pelo contrario, ela é tradicional até demais. Fogão a lenha, cimento queimado, tijolo a vista... Bem, é isso que eu espero que ela seja. Vou colocando as fotos e comentários da obra, e em breve fotos das inaugurações, enquanto obviamente, não tenho onde fazer comida.